Eu escrevia seu nome em letras garrafais na minha agenda.
Fazia a letra bem redondinha tipo caligrafia, estendendo até o fim todas as
letras. Enchia de coraçõezinhos em volta. E embaixo escrevia como havia sido
maravilhosa a aula porque você sentou do me lado. Escrevia como foi lindo
quando você sentiu ciúmes a primeira vez. Escrevia sobre a primeira vez.
Escrevia sobre como eu descobri cada parte sua que eu podia amar e odiar ao
mesmo tempo. Falava sobre como foi triste fingir pra mim mesma que não te queria
mais em todas as vezes que a gente brigou porque eu sou louca e você é estranho.
Contava pra mim mesma umas cem vezes do dia que você disse que gostava de mim
no meio daquela festa e me roubou um beijo escondidinho de todos só porque você
queria me esconder como sempre. Escrevia cada dia, cada detalhe, toda briga, a
última vez, o choro, a briga, o adeus. Escrevia porque sou boa com palavras
escritas. Nunca soube dizer o que sentia. Talvez porque nunca soube sentir. Mas
finalmente, um dia eu acordei sobre o seu colchão azul e não senti nada. Olhei
pra você e te odiei. Soube naquele momento exatamente o que sentir. Soube que
tudo o que eu escrevia não existia mais, e talvez nunca tivesse existido antes.
Vinte e um de abril. Há três meses.
Parei de escrever seu nome em letras garrafais. Parei de
contar nossa história pra qualquer pessoa que fosse que me perguntasse como
andam os namoros. Nunca mais contei ou escrevi qualquer coisa que tenhamos vivido.
Nunca mais nem soube de você. Nunca mais é apenas três meses e seis dias e pra
gente já é tempo demais.
Agora eu tento não escrever o nome do outro. O outro é a paz de que eu tanto precisava.
Não escrevo o nome dele. Não vou embora chorando pra casa. Não viajo quentinha
debaixo do edredom no ônibus. Não conto mil vezes que ele dorme feito uma pedra.
E quando me perguntam dos namorados eu respondo: Quando eu tiver um, publico
no Facebook.
Seu nome em letras garrafais com uma caligrafia impecável está
registrado na minha agenda, na minha memória e na minha pele, mas não é nada
que o tempo não possa apagar.
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