Eu procuro:

Número de acessos

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Metalinguagem

Ontem assistindo o filme “A garota do livro” me recordei de um antigo sonho que eu guardei numa caixinha e havia esquecido por muito tempo.
Hoje cedo eu acordei e não sabia quem era a estranha deitada na minha cama, e foi aos poucos que me dei conta que era eu. Pequena, fraca e esquecida dentro de uma caixinha.
Há três anos por algum motivo que não sei ao certo decidi parar de escrever. Parei porque escrever significa eternizar as coisas ou sentimentos, e muitos deles por muito tempo eu só quis esquecer, ou quis lembrar de uma forma diferente.
Escrever é expor ao mundo a ferida viva que cada um é por dentro e maquia com sorrisos, bares e amigos porque ver a dor dos outros é sentir a própria com ainda mais intensidade. Escrever é marcar para sempre fora da memória algo que te tocou tão profundamente que você quer que as pessoas vejam. Escrever é compartilhar tudo aquilo que muitas vezes todos querem esconder.
Mas sobretudo, escrever é deixar se conhecer para que outras pessoas possam conhecer a si mesmas e notarem que não estão sozinhas, que de certa forma todos sentimos coisas que queremos ou não eternizar. É se deixar exposto para que outras pessoas encontrem na sua dor ou felicidade algum tipo de conforto.

Eis me aqui uma vez mais para eternizar, não por mim, mas por vocês que possam vir a ler, que a vida dói, rasga, bate, mas as vezes pode florir e desabrochar e que não devemos ter medo de eternizá-la porque ela é curta demais e se esvai como sopro ou furacão.
Estou há uma hora deitada no chão.
- Levanta daí.
- Não consigo sequer pensar em ter forças pra sair do chão.
- Sai daí, levanta. Arruma o quarto, a casa, a bagunça da sua cabeça.
- Não quero.
- Levanta, você precisa.
- Não consigo.
- Pelo menos tenta.
- Eu quero fazer parte do chão, do duro, do oco, do imóvel.
- Você precisa levantar. Reage!
- Não.
- Levanta e toma alguma decisão, ou fica ou vai, mas levanta.
- E se eu levantar o que acontece?
- Não sei, mas você precisa levantar pra saber.
 - Eu não sei por onde começar.
- Ergue a cabeça, se apoia nas mãos, no joelho, mas levanta pelo amor de Deus!
- No chão é melhor, tô super bem aqui.
- Não tá, você tá mal mas precisa levantar. Tem uma vida lá fora te esperando. Sai. Levanta e corre.
 - Eu não quero. E se eu for fraca demais e sucumbir e nunca mais conseguir sair do chão.
- Você sabe que consegue. Tem que querer levantar.
- Mas eu não quero.
- Anda logo, levanta e faz alguma coisa, você precisa disso.
- Vou levantar em 3, 2, 1 ......
- E agora eu faço o que?
- Não sei, arruma a casa, se arruma, lê um livro, inventa algo.
- Mas eu não quero. Vou voltar pro chão.
- Para com isso, você precisa de vida, precisa decidir qual vida você quer ter.
- Eu quero fazer parte do chão.
Estou há um hora deitada no chão.

- Levanta!
Eu queria saber de onde as pessoas tiram o “amor da vida” em um mês, ou poucos meses, de namoro.
Me relacionei por anos com várias pessoas e até hoje só consegui falar um “eu te amo” sincero depois de quase um ano.
No atual momento do mundo onde as coisas mais importantes são Whatsapp, Facebook e Pokemon GO, as pessoas se esqueceram de valores importantíssimos, se atentam apenas a um pedaço de vidro com metal que cabe na palma da mão. Elas se esqueceram que dar “bom dia” pessoalmente é mais importante que mandar uma imagem com uma frase autoajuda para milhões de grupos no Whatsapp. Se esqueceram que dar um abraço de “feliz aniversário” é mais importante que fazer um textão e publicar no Facebook. Também se esqueceram que caminhar é praticamente uma obrigação e não um esporte em que você sai atrás de bichinhos imaginários. No momento em que as pessoas se esqueceram de todas essas coisas, também esqueceram que amar é algo real e duradouro. Como diria Tati Bernardi, dizer “eu te amo” ficou tão banal quanto dizer “me passa o sal”.

O mundo tecnológico nos ajudou de várias maneiras, mas acabamos por dar importância demais a coisas não palpáveis, nos esquecendo que quem está ao nosso lado é mais importante que ter 258520 amigos em qualquer rede social.

Carta a Deus


Não é que eu esteja aqui duvidando da divindade de Deus, ou qualquer coisa do tipo, só ando me perguntando por que é que certas coisas acontecem.
Já diziam alguns sábios que tudo acontece por um motivo, mas qual?
Gostaria de entender essas coisas que costumo chamar de provação. Por quê? Pra quê?
Então existem mais sábios que dizem que saberemos o propósito depois que a coisa passar, mas quando passa? E se não passar? E se demorar anos?
Claro que todas essas questões são coisas de pessoas ansiosas e pessimistas como eu. Pessoas como eu não têm tempo – ou não querem ter – para entender os propósitos. Eu quero hoje. Eu quero agora. Eu quero que passe. Eu quero que acabe esse tormento que eu não sei por quê eu estou passando. Já deu.
Mas então vem a vida, ou Deus, ou os dois, ensinar para a ansiosa e mimada e pessimista aqui que tudo é no tempo certo – ou no tempo Dele, e a única coisa que me resta a fazer é ficar deprimida, chorar, dormir e esperar tudo isso passar e daqui dez anos eu entender porque é que aconteceu assim.

A última pergunta: Será que dá pra dormir até tudo isso passar? Obrigada!