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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ter dentes já é ser inteira


É tão mais gostoso ter certeza de onde você pisa. Dar passos seguros. É tão mais feliz saber para onde se está indo do que simplesmente se deixar levar. Odeio me deixar levar. Sempre quero ter certeza do caminho, para não assustar se eu tropeçar. Porque mesmo os tropeços fazem parte. É legal um tropeço ou outro no caminho. Mais legal ainda é saber onde você vai tropeçar. Porque quando eu não sei eu já caio de cara, quebro todos os dentes, quebro as pernas, e eu não sei sorrir sem dentes, eu não sei andar mancando. Mas quando eu já sei onde vou tropeçar eu só desequilibro e talvez ralo os joelhos, e é tão mais fácil sorrir com essa dor, chega até ser engraçado ter caído assim. E então eu levanto e vou rindo dos joelhos sangrando. E passam os dias eu caio de novo e só esfolo os cotovelos. No próximo dia eu só torço o tornozelo. No outro eu até quebro a mão para segurar o tombo. Mas em nenhum dos tombos eu quebro os dentes. Eu chego quase pela metade, sangrando, doendo, mas meus dentes continuam ali, inteiros e intactos, e eu ainda sorrio e consigo até rir alto de tudo isso. Estou aos pedaços, mas meu sorriso inteiro é o que vale a pena no final do caminho. O resto do corpo se recupera sozinho. As pernas engessadas. Os braços também. O coração com aparelhos ajudando bombear o sangue para o resto do corpo. Um curativo aqui, outro ali. Mas eu ainda posso sorrir. E isso já é uma vitória.

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